Nos últimos dias foi realmente chocante acompanhar as notícias sobre empresas que proíbem as mulheres de usarem óculos aqui no Japão.

Parei para pensar e, realmente, é muito difícil encontrar mulheres usando óculos em recepções de shopping centers, eventos de casamentos ou mesmo clínicas de beleza… Tampouco me lembro de ter visto alguma atendente de quimono, de óculos.

Não estou falando de profissões nas quais o uso de óculos seja perigoso, ou mesmo impossível de se usar. São trabalhos comuns. Simplesmente acho que é um pensamento muito ultrapassado, esse de valorizar uma funcionária pela sua aparência. 

Dizem que antigamente isso era comum. Vi outro dia, um recorte de um anúncio publicado pelo jornal Yomiuri em 11 de abril de 1970 que dizia: “contrata-se telefonista. Exigências: acima de 1,53 metro de altura, sem óculos e boa aparência”. Ainda se fosse para uma vaga de recepcionista, garçonete, balconista, dava para entender, tratando-se da época… mas telefonista?

Relatos de mulheres que tiveram entrevistas de trabalho e até “miai” (encontros com objetivo de unir casais para casamento) cancelados porque usavam óculos eram comuns entre os anos 1960 e 1970 no Japão. 

Em 1985, finalmente surgiu uma lei que proibia a discriminação entre homens e mulheres no trabalho. O quesito “sem óculos”, finalmente deixou de figurar nos anúncios de empregos.

Felizmente os tempos mudaram e existem até grupos partidários dos óculos, como os “Megane-moe” ou “Megane-joshi”, que encaram o uso dos óculos como algo bonito ou sensual.

Mas se ainda existem empresas e profissões que fazem restrições à contratação de funcionárias que usam óculos pelo único motivo da “aparência”, é de se pensar. E lamentar!

Por falar nisso, no relatório sobre as desigualdades de gênero “Global Gap Report”, do Fórum Econômico Mundial de 2018, de 149 países, o Japão ocupa a 110ª posição. É o nível mais baixo do G7, os Sete Países mais industrializados do mundo. O Brasil, está um pouco melhor, em 95ª posição. 

Não está nada fácil para as mulheres!

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