Desde o dia 24 de março, o número de infectados pelo coronavírus no Japão vem aumentando. Só em Tokyo foram confirmados hoje 63 casos, a maioria envolvendo um foco dentro de um hospital de Taito. Em Tonosho (Chiba), outros 57 casos vieram à tona num centro de cuidados para portadores de deficiência. 

A capital japonesa – que acumula o maior número de casos no país – e as quatro províncias ao redor pediram aos moradores para manterem-se em casa neste fim de semana, numa tentativa de conter a propagação do Covid-19.

Desde o início do surto, esses são os números atuais do Japão:

  • Total de casos confirmados: 1.690
  • Pacientes que tiveram alta: 404
  • Número de mortos: 54
  • Pacientes monitorados: 1.232

Apesar da crescente tensão no Japão com o aumento de casos nos últimos quatro dias, uma grande parte da mídia internacional vem destacando o baixo índice de mortalidade por aqui. 

Se for calcular pela população, a cada 100 mil habitantes, a taxa de letalidade no Japão é de 0,035%; Itália 12,41%; Espanha 7,80%; França 2,04%; Estados Unidos 0,32%; Coreia do Sul 0,26%. (Fonte: Universidade Johns Hopkins, 26 de março).

Falando em números mais práticos, enquanto na Itália, o número de mortos em apenas um dia chegou a 969 ontem, no Japão, foram 2. 

Segundo os especialistas, o número de mortos é o resultado apresentado pela forma como um país vem conduzindo essa crise. 

Mas para um país que não decretou estado de emergência como fazem muitos outros, os números no Japão chamam realmente a atenção. 

Então, como explicar?

Talvez seja uma junção de fatores, começando pelos costumes de higiene e cultura dos japoneses e o sistema sanitário. 

Para não colocar o sistema hospitalar em colapso, a política japonesa para testes e tratamento do Covid-19 tem sido voltada para atender pacientes com algum tipo de risco. Apesar das críticas em relação à dificuldade de fazer os testes de detecção do vírus, o Ministério da Saúde mantem as regras para triagem, como apresentar febre acima de 37,4ºC por quatro dias consecutivos, contato com suspeitos da infecção, retorno do exterior, entre outros.

Vale lembrar que os hospitais especializados no atendimento a vítimas do coronavírus são equipados com o sistema ECMO – uma aparelhagem que substitui o trabalho dos pulmões e fígado até que os órgãos sejam recuperados. Mas o número é limitado e se houver uma sobrecarga de pacientes em estado grave, a situação ficará bastante complicada.

A média de hospitais no Japão é de 13 para cada mil habitantes e todos os cidadãos têm acesso de forma igual aos tratamentos médicos.

Outro fator que citei antes – higiene e cultura – tem servido como forma de prevenção à propagação do vírus à faixa etária de maior risco. Inclui desde o hábito de usar máscaras, lavar as mãos, tirar os sapatos antes de entrar em casa e até costumes como cumprimentar as pessoas sem apertar as mãos ou abraçar. 

Há também a diferença da composição familiar. Muitas pessoas de idade vivem distantes dos filhos e netos, o que difere dos núcleos familiares na Itália, por exemplo, onde o contato dos jovens com os mais velhos é mais frequente.

O desafio

Se a população não quiser passar por uma quarentena forçada, será preciso cooperação de todos, evitando ao máximo, a exposição em locais cheios e sem boa ventilação. 

A preocupação não deve ser para si, e sim, para as pessoas que correm algum risco com esse vírus que nós, sem saber, podemos levar.

Números no mundo

Os 10 países com mais casos registrados até às 21h do dia 28:

1. Estados Unidos: 104.463 casos (1.702 mortes)
2. Itália: 86.498 casos (9.134 mortes)
3. China: 81.394 casos (3.295 mortes)
4. Espanha: 72.248 casos (5.690 mortes)
5. Alemanha: 50.871 casos (351 mortes)
6. França: 33.414 casos (1.997 mortes)
7. Irã: 32.332 casos (2.378 mortes)
8. Inglaterra: 14.751 casos (761 mortes)
9. Suíça: 12.928 casos (231 mortes)
10. Coreia do Sul: 9.478 casos (144 mortes)

– Brasil: 3.477 casos (93 mortes)
– Japão: 1.690 casos (54 mortes)

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