Outro dia, lendo um artigo no jornal Nishi-Nihon, encontrei uma entrevista de uma especialista em epidemias explicando porque o Japão realiza tão poucos exames para detecção do coronavírus, os chamados “PCR (Polymerase Chain Reaction) Kensa”.

Segundo Fumie Sakamoto, diretora do Centro de Controle Epdemiológico do St. Luke’s International Hospital de Tokyo, esses testes são aplicados conforme a situação e o sistema sanitário de cada país. “Não é algo que dá para comparar em termos de quantidade”, começou explicando ela. “Há ocasiões em que as desvantagens são até maiores, quando a maior parte dos testes é voltada a pessoas com sintomas leves.”

Desvantagem 1: os testes de PCR não são completamente estáveis, com margem de erro de 30%. Alguns especialistas chegam a considerar a margem de acerto entre 30% e 50%. Há casos em que uma pessoa diagnosticada como “negativa” era portadora do vírus e acabou espalhando. Assim como muitos que estavam internados, na verdade não eram portadores do Covid-19.

Desvantagem 2: a aplicação dos testes no Japão só pode ser feita por uma equipe especializada. “Mesmo distribuindo os kits, se não tiver uma pessoa capacitada, o resultado será duvidoso”, disse a Dra. Fumie.

Desvantagem 3: “Quando uma pessoa com sintomas leves vai ao hospital, pode acabar transmitindo o coronavírus inclusive para outros pacientes. E mesmo que essa pessoa seja ‘negativa’ pode, por outro lado, acabar contraindo o coronavírus na ida ao hospital”, afirma.

Segundo a especialista, é normal as pessoas desejarem saber o diagnóstico o mais rápido possível para serem curadas. “Mas por mais adiantado que seja o exame, não dá para impedir que a doença se agrave repentinamente; não existe um tratamento específico ainda. As pessoas que apresentarem sintomas graves vão precisar de aparelhos especiais. Não podemos manter os leitos ocupados com pessoas com sintomas leves ou nulos. É preciso destinar aos pacientes predispostos aos riscos, assim como dar mais chances de testes para essas pessoas.”

Atualmente, os testes de PCR no Japão seguem dois lemas:

  1. Salvar pacientes em estado mais grave
  2. Detectar locais de focos de transmissão

É comum o Japão ser comparado à Coreia do Sul quando o assunto gira em torno dos testes de PCR. “A diferença é que na Coreia houveram vários focos de transmissão de grandes proporções, uma situação diferente”, explicou.

Mesmo no Japão, quando há suspeita de algum foco, até as pessoas com sintomas leves são examinadas. “A lenda de que o Japão faz poucos testes para tentar mostrar que os infectados são poucos está completamente equivocada. O objetivo é que o sistema médico seja usado com todo cuidado por cada uma das pessoas, na medida de suas necessidades”, explicou a Dra. Fumie.

Se ela está certa ou errada, só o resultado no final dessa pandemia vai revelar. Mas o que ela fala serve como uma pista para explicar porque são tão poucas mortes por coronavírus no Japão, o país com a população mais idosa do mundo. 

Que todos continuem fazendo a sua parte: evitando locais onde se agrupem pessoas, cuidando da higiene e buscando as informações corretas. 

Vamos aos números de hoje…

Situação atual do Japão (30 de março, 22h49)

  • Total de infectados: 1.968
  • Total de mortos: 58
  • Pacientes que tiveram alta: 424
  • Pacientes monitorados: 1.486

Número de casos novos registrados desde o dia 24:

Números do dia 30 ainda devem ser atualizados

Províncias com mais casos:

  1. Tokyo: 443 casos (8 mortos)
  2. Osaka: 216 casos (2)
  3. Hokkaido: 176 casos (7)
  4. Aichi: 170 casos (19)
  5. Chiba: 159 (1)
  6. Hyogo: 137 casos (11)
  7. Kanagawa: 128 casos (6)
  8. Saitama: 85 casos (2)
  9. Kyoto: 56 (0)
  10. Niigata: 31 (0)

 

Números no mundo (30 de março, 22h49)

Os 10 países com mais casos:

  1. Estados Unidos: 142.793 casos (2.490 mortes)
  2. Itália: 97.689 casos (10.779)
  3. Espanha: 85.195 casos (7.340)
  4. China: 81.470 casos (3.304)
  5. Alemanha: 63.079 casos (545)
  6. Irã: 41.495 casos (2.757)
  7. França: 40.704 casos (2.609)
  8. Inglaterra: 19.772 casos (1.231)
  9. Suíça: 14.829 casos (300 mortes)
  10. Holanda: 10.930 casos (772 mortes)

– Brasil: 4.256 casos (136 mortes)

– Japão: 1.968 casos (58 mortes)

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