O jornalista francês Régis Arnaud vai lançar, no dia 5 de fevereiro, o livro “Le Fugitif – Les Secrets de Carlos Ghosn” (O Fugitivo – Os Segredos de Carlos Ghosn), no qual vai falar sobre a fuga de Carlos Ghosn e o pai dele, que matou um padre no Líbano e mais tarde fugiu ao Brasil.

Arnaud atua a cerca de 20 anos no Japão como jornalista, além de exercer cargos como editor-chefe da revista francesa de economia France Japan Éco e correspondente internacional da revista Figaro.

No livro, Arnaud cita que o pai do ex-executivo, Jorge Ghosn (falecido em 2006), envolveu-se em um assassinato quando Carlos Ghosn tinha 6 anos de idade.

Citado como traficante de diamantes, ouro e drogas, Jorge teria assassinado um padre no Líbano. Detido pelo crime, Jorge saiu da prisão dez anos depois e foi preso em seguida, dessa vez por vender cédulas falsas de dinheiro. Em 1975 fugiu da prisão no Líbano e foi para o Rio de Janeiro.

Aqui, fica uma ressalva. Quem cometeu os crimes foi o pai de Ghosn, não ele próprio. Não vamos julgar as pessoas pelos atos cometidos por outros. E não deve ter sido fácil superar os problemas familiares desde garoto.

Em entrevista recente à mídia japonesa, Arnaud disse que nem todos na França estão contra Ghosn. “Era muito estranho não deixarem ele se encontrar com a esposa. Existe também a desconfiança em relação ao método japonês de investigar os crimes. Mas Ghosn, que se diz inocente, deveria ter se explicado melhor”, disse ele.

Ghosn vs Japão

Já as recentes declarações da ministra da Justiça do Japão, Masako Mori, repercutiram de forma negativa para o Japão. “Ghosn deve comprovar sua inocência dentro do sistema penal”, disse ela, logo após entrevista coletiva do ex-executivo.

Um representante de Ghosn respondeu: “Quem deve provar a culpabilidade é a Promotoria, e o réu não tem que provar sua inocência. Mas o sistema penal do seu país ignora essa premissa, portanto compreendemos a sua interpretação equivocada”. 

Além disso, logo depois da fuga de Ghosn – que diga-se, é intolerável para o Japão –, a Justiça japonesa acionou a Interpol com mandado de prisão para a esposa, Carole, alegando perjúrio (depoimento falso). Mais uma vez, a imagem de que os investigadores japoneses podem “alegar qualquer coisa para incriminar”, foi mostrada ao mundo.

Os próprios japoneses sabem que, uma vez detido, o suspeito é tido como “culpado”. Para alegar inocência, a promotoria exige “provas convincentes”. 

“O Japão é muito dependente das confissões. Já não estamos mais na idade média”, chegou a dizer um representante da África, no 1º Congresso das Nações Unidas sobre Prevenção do Crime e Tratamento de Delinqüentes, Em Genebra, Suíça, em 2013. Já desde muito tempo sabe-se que alguns crimes foram elucidados com a indução das confissões. Só o Japão que continua fazendo de conta que está tudo bem.

Mas… voltando ao nosso tema inicial, vamos ver quais serão as revelações que virão à tona no livro sobre a vida de Carlos Ghosn.

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