Amanhã, dia 24, o papa Francisco visita a cidade de Nagasaki. Uma de suas missões é divulgar a mensagem pelo fim das armas nucleares, como vem fazendo desde 2013. Num de seus atos, no dia 1º de janeiro de 2018, o papa havia distribuído cartões que ilustram dois meninos de Nagasaki, após a explosão da bomba atômica com a frase: 

“O fruto da guerra”

A foto foi feita em setembro de 1945 pelo jornalista norte-americano Joseph Roger O’Donnel. E até hoje não se sabe a identidade das crianças.

A imagem abalou profundamente o fotógrafo, que disse certa vez numa entrevista à emissora NHK:

“Eu vi aquele menino que caminhava… Devia ter uns 10 anos. Notei que ele carregava uma criança nas costas. Naqueles tempos, era uma cena bastante comum no Japão. Nós cruzávamos muitas vezes com crianças que brincavam com seus irmãozinhos carregando nas costas. Mas aquele menino tinha alguma coisa de diferente.”

Sim. A criança menor estava morta. E o irmão mais velho aguardava a vez na fila para a cremação pública. Descalço, com o corpo manchado e as vestes sujas.

Segundo O’Donnel, o menino de 10 anos assistiu à cena em silêncio, sem piscar. O único movimento vinha dos lábios, que sangravam. Ele mordia o lábio inferior para não chorar.

Quando chegou a sua vez, dois homens desamarraram com cuidado a criança das costas, seguraram pelas mãos e pés… e soltaram sobre as chamas. O menino assistiu a tudo. Depois se virou. E foi em silêncio. Um silêncio que estraçalha o coração.

Nunca mais. Nunca mais.

Reprodução: NHK

Segundo a análise feita por um médico entrevistado pela NHK, a parte branca dos olhos do menino, que está acinzentada, mostra que havia havido hemorragia antes.

Dentro do nariz, há algum objeto. Provavelmente para impedir que escorra sangue.

Como todos os moradores da cidade, o menino havia sido exposto à radiação e tudo indica que devia estar com hemorragias pelo corpo. 

Isso foi há 74 anos. Aquela bomba atômica era uma página da história a ser esquecida… 

O Japão, com seu exército imperial, lutou a Segunda Guerra Mundial com brutalidade, o que impede qualquer tentativa de dizer que foi “vítima”. Os Estados Unidos optaram pela bomba atômica. Assim são as guerras. Sempre terminam rodeadas de sangue com perdas de vidas inocentes. E deixam feridas que nem o tempo consegue curar.

O que podemos fazer para impedir que tantas vidas inocentes se percam? 

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