Demorou. Mas finalmente, o comitê de especialistas do governo disse em tom alto e claro que “o número de testes de PCR para detecção do novo coronavírus foram insuficientes”. Já com sinais de ter saído do pico de infecções e há quatro dias com os novos casos em queda, o país começa a dar ouvidos para as reclamações sobre a falta de testes.
Segundo os dados do Ministério da Saúde, Trabalho e Bem-Estar, no final de abril foram realizados entre 7 e 9 mil testes de PCR diariamente. Cerca de um mês atrás, o primeiro-ministro Shinzo Abe tinha pedido para que os número fossem aumentados para 20 mil testes por dia. Ainda está longe disso.
Por outro lado, a impossibilidade das pessoas descobrirem se eram portadoras ou não do coronavírus, fez com que a maioria ficasse isolada em casa, o que também pode ter contribuído para o baixo número de infectados. A prova mais forte de que os japoneses realmente souberam controlar a pandemia está no número de mortos: 571 no total, até às 19h do dia 6 de maio de 2020, um número baixíssimo levando em consideração a população de 125 milhões de habitantes, e comparando com outros países como Estados Unidos, Espanha e Itália.
Depois de muitas críticas
No dia 1º de abril, o chefe do comitê de especialistas, Shigeru Omi, afirmou que o Japão não realizaria testes como forma de conter o contágio, mas sim para descobrir onde estavam os focos e acabar com eles. Cerca de um mês depois, Omi admitiu: “o Japão falhou em sua capacidade de aumentar os testes e está atrasado em comparação a outros países”.
Ele também afirmou que a regra de “esperar quatro dias com febre acima de 37,5ºC” era muito rigorosa. Daqui para frente, todas as pessoas que sentirem falta de ar, dor no corpo e febre, poderão pedir imediatamente a realização do teste. Principalmente aquelas com algum tipo de doença crônica, imunidade baixa ou idosos.
O Ministério da Saúde prepara uma carta com as novas instruções, que deverá ser enviada ainda essa semana aos centros de saúde de todo o país.
O lado ruim de toda essa história é que pouco se sabe sobre o mecanismo do coronavírus, que muitas vezes não é detectado nos primeiros testes. Com a banalidade dos testes e resultados negativos, as pessoas podem relaxar no isolamento, como vemos em outros países, o que pode aumentar novamente a onda de infecções.
Situação atual do Japão (6 de maio, 19h59)
- Total de infectados pelo coronavírus: 15.456
- Total de mortos: 576
- Pacientes que tiveram alta: 4.918*
- Pacientes monitorados: 9.962
*O número de pacientes que tiveram alta hoje (331) foi superior aos novos casos (103)
Novos casos registrados desde o dia 8 de março:
Números no mundo (6 de maio, 19h59)
Os 10 países com mais casos:
- Estados Unidos: 1.204.475 casos (71.078 mortes)
- Espanha: 219.329 (25.613)
- Itália: 213.013 casos (29.315)
- Inglaterra: 196.243 casos (29.501)
- França: 170.694 casos (25.538)
- Alemanha: 167.007 (6.996)
- Rússia: 165.929 casos (1.537)
- Turquia: 129.421 casos (3.520)
- Brasil: 115.953 casos (7.958 mortes)*
- Irã: 99.970 casos (6.340)
*O Brasil é o sexto país do mundo com mais mortes