Essa manhã, a Toyota anunciou que conseguiu fechar o exercício fiscal 2019/20, que terminou em 31 de março, com queda operacional de 1%, mas a previsão para o próximo ano 2020/21 é de uma queda “pior que a crise da Lehman Brothers”, disse o presidente da empresa, Akio Toyoda. A montadora antecipa uma perda de 79,5% no lucro operacional no atual exercício fiscal que começou em 1º de abril, assim como uma queda de 19,8% nas vendas.
O que isso significa? Para uma grande parcela dos estrangeiros residentes no Japão, é hora de acompanhar com atenção a situação do emprego.
Vimos o exemplo do Choque Lehman de 2008, quando os primeiros a serem cortados foram os trabalhadores não efetivos. Doze anos depois, o pesadelo parece estar se repetindo.
Vamos poder ter uma prova concreta em junho, quando a maior parte dos contratos feitos com as empresas de terceirização serão renovados para o trimestre junho-setembro.
O impacto causado pelo coronavírus atingiu um setor que já vinha enfrentando queda nas contratações desde a primavera de 2019.
Pior ocasião
Não é exagero dizer que, no Japão, a indústria automobilística carrega a economia nas costas. No ano fiscal 2018, o setor respondeu por cerca de 17,5% dos lucros empresariais no país. E para ser mais específico, só a Toyota contribuiu com 7,3% de todo o lucro industrial naquele ano.
Empresas de peças para carros, componentes eletrônicos, siderúrgicas, indústria química… enfim, quando a Toyota soluça, provoca efeitos em amplos setores.
As fornecedoras de peças serão as primeiras a sentirem o baque provocado pela pandemia do coronavírus.
E a ocasião não poderia ser pior. Justo num momento que as montadoras japonesas rumavam para a tecnologia CASE (Connected, Autonomous, Shared & Services, Electric), transformando os veículos em verdadeiros “smartphones gigantes”. E como dizia a Toyota, essa “revolução do século” acabou sendo atingida pela “crise do século”.
Grupo Toyota
O Grupo Toyota é formado por 16 companhias principais, que por sua vez, mantêm subcontratos com 38.663 empresas de terceirização da produção.
As 16 companhias são:
- Toyota Motors
- Daihatsu Kogyo
- Hino Motors
- Denso
- Aisin Seiki
- Aisin AW
- Toyota Jido Shokki
- JTEKT
- Toyota Boshoku
- Toyota Shatai
- Toyota Jidosha Higashinihon
- Toyota Jidosha Kyushu
- Toyota Jidosha Hokkaido
- Toyoda Gosei
- Aichi Seiko
- Daihatsu Kyushu
O problema agora, com o orçamento apertado, todo o conglomerado Toyota vai começar a rever as contas com as fornecedoras terceirizadas. Se já não está fácil para uma gigante como a Toyota, a situação é ainda pior em empresas como a Nissan e Mazda, marcadas pela falta de capital.
Não são poucos os pequenos e médios fornecedores que já registram queda nos lucros de 80% a 90% em abril.
A pedido do governo central, os bancos estão fazendo o possível para evitar quebras no setor. Mas para os empresários de pequenos negócios, vai ser difícil fazer dívidas, tendo em vista a previsão de queda de quase 80% feita pela Toyota Motors para o ano fiscal 2020/21.
As expectativas se concentram agora em tentar prever como será a recuperação no setor automobilístico pós-corona. Mais ainda: quais os rumos que esse setor vai tomar daqui para frente. Quem sabe, pode haver uma guinada nas necessidades do setor de transportes e a realidade poderá ser outra. É bom ficar de olho!
No pronunciamento de hoje, o presidente da Toyota disse que a empresa conseguiu um financiamento de ¥ 1,25 trilhão dos bancos, com o qual vai tentar contornar a crise. Estamos torcendo, mas com os pés no chão!