Já faz um tempinho que os noticiários japoneses vêm destacando a recepção anual sob a cerejeiras que o primeiro-ministro Shinzo Abe oferece na primavera. 

Ano após ano, desde que assumiu o cargo, a lista de convidados veio aumentando, inflacionando as despesas pagas com o dinheiro do contribuinte. 

Em meio às vozes que acusam o favorecimento dos simpatizantes do premiê na lista de convidados, o governo decidiu cancelar o evento de 2020. A medida inesperada tem o objetivo de abafar as críticas contra o atual governo.

O tradicional “Sakura o Miru-kai” (Evento de Apreciação das Cerejeiras) foi criado em 1952 pelo governo para homenagear figuras que se destacam em vários setores. As regras para escolha dos convidados e os pormenores nunca foram revelados ao público desde então, deixando evidente que o evento realmente estava precisando ser revisado.

E mais do que isso. É preciso deixar claro se Abe realmente não estava usando o evento público para proveito próprio.

Numa entrevista ano passado, o porta-voz do governo, Yoshihide Suga, afirmou que Abe e outros políticos faziam suas indicações para o evento, mas questionado sobre os detalhes, se limitou a dizer que a lista desses convidados especiais havia se perdido.

“Eu não me envolvi na escolha dos convidados”, disse Abe no Parlamento recentemente, mas continua parecendo estranho que muitos de seus simpatizantes políticos estejam na lista de convidados.

O premiê foi duro ao responder às perguntas da oposição que cobravam detalhes e disse que não podia responder mais para não interferir no direito de privacidade dos convidados. “Decidi cancelar no ano que vem”, respondeu ele. 

Questionado sobre a saída de dois funcionários do gabinete, Abe disse: “Cada político precisa ajeitar sua própria gola e cumprir com a responsabilidade de dar explicações”. Então, seria o caso de começar por ele, respondendo com sinceridade  às perguntas feitas pela oposição nos debates do Parlamento.

Ninguém quer que a situação piore!

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