Japoneses questionam lei que acaba com 70 anos de pacifismo.

Manifestação em frente ao Parlamento no dia 18. Foto: Mainichi

Manifestação em frente ao Parlamento no dia 18. Foto: Mainichi

Desde que a Câmara Baixa do Parlamento japonês aprovou um pacote de projetos de lei que permitirá os soldados japoneses participarem de guerras no exterior, milhares de japoneses realizam manifestações para demonstrar sua revolta.

“Não perdoamos a política de Abe”, dizem os cartazes, em referência ao primeiro-ministro Shinzo Abe. Só no dia 18 os comícios organizados foram realizados em cerca de 1.000 localidades, desde Hokkaido a Okinawa.

Ameaça para a Ásia

"Abe é a vergonha do Japão", diz frase. Foto: Sankei

“Vergonha do Japão”, diz frase. Foto: Sankei

A notícia provocou repercussão na Ásia, onde alguns especialistas expressaram preocupação. O fato do Japão poder participar em conflitos armados e ajudar aliados, desperta um sentimento de insegurança e medo.

O diretor do Departamento de Cooperação Internacional da Universidade Euroasiática, com sede em Phnom Penh (Camboja), Joseph Matthews, afirmou que as consequências da aprovação da lei serão de longo alcance e perigosas.

“A ação também pode desencadear uma corrida armamentícia entre os vizinhos do Japão, como Coreia do Norte, com seu programa nuclear”, explicou Matthews.

Chheang Vannarith, cofundador e presidente do Instituto Camboyano de Estudos Estratégicos, assegurou que a revisão da lei aumentou a desconfiança da China pelo Japão, assim como de outros países que sofreram as barbáries cometidas pelo Japão durante a Segunda Guerra Mundial.

Justificativa de Abe

Manifestações pelo país. Foto: Mainichi

Manifestações pelo país. Foto: Mainichi

“A situação da segurança em torno do Japão é cada vez mais preocupante”, justificou o premiê após a votação.

Abe afirmou que quer normalizar a posição militar do Japão, limitada por uma Constituição escrita pelos ocupantes americanos depois da Segunda Guerra Mundial, ignorando as advertências de especialistas e advogados de que as reformas são inconstitucionais.

O pacote de medidas passará agora à Câmara Alta, onde o partido de Abe conta com a maioria. Espera-se que a legislação entre em vigor neste outono.

Clique aqui para ler a Constituição do Japão em português

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