É a primeira vez que o governo japonês começou a pensar sério num plano de entrada em massa de imigrantes estrangeiros. Para que? Evitar o encolhimento da população.
A vinda dos 200 mil residentes estrangeiros é a esperança de que o Japão recupere a taxa de natalidade pelo menos até o nível 2,07 e evite uma queda brusca da população.
De que país eles viriam, ainda não foi falado. O certo é que se continuar como está, a população atual do Japão de 127,50 milhões de pessoas deve diminuir para 86,74 milhões até 2060 e 42,86 milhões até o ano 2110.
Esse projeto estudado pelo governo prevê a entrada dos imigrantes já a partir do ano que vem, reforçando áreas como os preparativos paras as Olimpíadas, os trabalhos de reconstrução das áreas destruídas pelo terremoto e tsunami no Leste do Japão e os cuidado com idosos.
Imigrantes vs Trabalhadores Estrangeiros
Os imigrantes – segundo o projeto do governo que deve ser finalizado em junho – seriam pessoas acolhidas, com garantia da nacionalidade japonesa ou residência permanente no Japão. Diferente dos estrangeiros aceitos como mão de obra simples, que ficam à mercê da economia e são os primeiros a perder o emprego em caso de uma crise.
Até agora era assim. O mercado de trabalho facilitava a entrada de estrangeiros jovens, “dispensáveis” e com baixa remuneração.
Finalmente o país acordou.
Esperemos agora que muitos dos problemas enfrentados por brasileiros ao longo de anos de movimento dekassegui sejam resolvidos nessa nova fase. A comunidade, cresceu a partir de 1989, quando uma reforma da Lei de Imigração ampliou os vistos de residência concedidos a descendentes de japoneses (nikkeis) para seus cônjuges e “sanseis”. Só que o país não estava preparado para receber milhares de pessoas que, apesar da descendência japonesa, tinham costumes diferentes e não falavam o idioma local. Não havia uma política de apoio e integração.
Acolher esses estrangeiros requer um enorme investimento, seja para moradia, seguro social e educação dessas crianças estrangeiras.
Decisão sem volta
Aceitar a entrada desses imigrantes também requer tolerância. Ensinar que os japoneses não gostam de barulho, que separam o lixo criteriosamente em ordem e tem certos costumes, exige tempo. Não basta impor ordens. Não é assim que funciona.
É preciso levar em conta também que o imigrante que vai morar no Japão não vai deixar para trás o elo com o país de origem. Será que os japoneses estão realmente preparados?
(Texto publicado na revista Vitrine, edição março de 2014)