O primeiro-ministro Shinzo Abe criou um comitê que estuda o fim da deduçãofiscal para esposas dos assalariados que são dependentes. O objetivo é incentivar as mulheres a entrarem no mercado de trabalho e, claro, diminuir os custos do governo.

Como era de se esperar, as reclamações em relação ao projeto são muitas. Mas o governo também se desespera para encontrar soluções para a queda da população ativa, que em 50 anos pode diminuir pela metade.

A parede de ¥ 1,03 milhão

A dedução fiscal para esposas dependentes dos marido, ou seja, donas de casa, foi introduzida no Japão em 1961. Quando a renda anual da esposa é inferior a ¥ 1,03 milhão (R$ 22 mil) o marido recebe um desconto de ¥ 380 mil (R$ 8.274) do imposto sobre a renda.

A preocupação da maioria da população é em relação ao limite de tempo das donas de casa. Ocupadas com a criação dos filhos e afazeres domésticos, seria quase impossível trabalhar mais horas e aumentar a renda acima de ¥ 1,03 milhão. Principalmente no caso de maridos que fazem muitas horas extras ou viajam a trabalho.

É claro que se pudessem, as mulheres trabalhariam mais e aumentariam a renda doméstica. Mas não se pode esquecer que muitas das beneficiadas com a dedução são donas de casa acima dos 40 anos, quando já é mais difícil encontrar uma vaga de trabalho.

Desde a década de 1990, o Japão vem registrando um aumento no número de casais em que ambos trabalham. Para incentivar que elas trabalhem e ganhem mais é preciso uma série de medidas que facilitem esse ambiente, principalmente a criação de mais creches. Sem isso, a proposta do governo não passa de uma forma camuflada de reduzir custos.

Chegou a hora em que o Japão precisa reavaliar a composição atual do mercado de trabalho, centralizado no homem. O projeto em discussão pode ser um dos passos para solucionar a queda populacional. Mesmo dolorida, é preciso pensar em uma saída.

Tomobataraki (共働き) é o termo em japonês que se refere aos casais em que ambos trabalham

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