Sabe quanto o Japão consome anualmente em carne de frango? Cerca de 2,20 milhões de toneladas (dados de 2012). Desse total, 740 mil toneladas vêm de fora. Ou seja, um terço do frango consumido depende da importação.

A maior parte do frango processado – como nuggets e “karaague (frango frito)” – é importada da China e Tailândia.

O que poucas pessoas sabem é que 90% do frango não processado vêm do Brasil.

Uma pesquisa recente da revista Nikkan Gendai com as lojas de conveniência revelou que de 23 empresas, oito utilizam o frango brasileiro.

Não faz muito tempo, uma empresa de Osaka publicou no blog que “a carne do Brasil é contaminada com aditivos químicos e nem os brasileiros comem” (o texto já foi deletado). A Embaixada do Brasil em Tokyo protestou, dizendo que a notícia “é difamadora e não tem fundamento científico”, alertando os japoneses a não serem levados por falsas informações.

Visitei alguns sites de produtores de frangos do Brasil e todos são unânimes em informar que não utilizam hormônios. Em 2012 a carne de frango brasileira ganhou até um selo internacional de qualidade, o “Brazilian Chicken”. A chancela foi criada pela União Brasileira de Avicultura (Ubabef) em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportadores e Investimentos (Apex-Brasil). As empresas participantes atendem a uma criteriosa avaliação, inspecionada por comissões técnicas.

UM DÉCIMO DO VALOR

A revista Gendai entrevistou também o jornalista Hirokatsu Azuma, famoso por desvendar falcatruas em restaurantes e indústria alimentícia do Japão. Na opinião dele, “o frango brasileiro foi aceito porque em 2004 o Japão passou por uma crise com o embargo ao produto chinês afetado pela gripe aviária. Na comparação dos preços, se um espetinho feito com frango nacional custa entre ¥ 300 e ¥ 400, o do Brasil sai por ¥ 20 a ¥ 30. É o mesmo que acontece com as verduras produzidas forçadamente para crescerem mais rápido. Um frango nacional criado naturalmente leva de quatro a cinco meses para estar no ponto de corte. No Brasil leva menos de 50 dias”.

Ele ainda explicou que alguns criadores usam o sistema de iluminação que só acende na hora em que a ração é distribuída. No restante do tempo, como fica escuro, a ave não se mexe e acaba engordando.

Azuma citou um exemplo entre os avicultores, que não se restringe ao Brasil, no qual as aves recebem complexos antibacterianos para evitar a propagação de doenças. Em alguns casos essas composições inlcuem medicamentos que aceleram o crescimento.

Nada como um frango criado em boas condições ambientais.

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